Quinta-feira, 16 de Abril de 2009
quantos degraus vais ter que subir?... contarás um por cada minuto do teu pensar, tão compansado e sem variar, não sabes quando acaba a tua subida , não pensas se terás que a descer, sobes sem saber onde chegar e, com passos mínimos e tímidos galgas cada saliência nessa tua vida de socalcos, degraus brancos que descoloras contínuamente, com o teu semblante acinzentado... sobes triste e despreocupado, não procuras a tua alegria ao caminhar, não sabes o que encontras ao chegar, no fim dessa subida já sabes que nada irás descobrir, nada diferente de nada... na loucura em que repetes as mesmas atitudes, os mesmos passos apertados, esperando resultados diferentes....já sabes com o que contas ao subir essa escadaria tão pálida, já contas com a certeza duma tristeza ao chegar...igual a essa, que transportas no teu fastidioso andar, sobes degrau a degrau com todo o tempo para gastar, porque do teu tempo já mais nada sabes fazer...para quê a preocupação em galgar esses degraus a correr? ...se nem esperança tens de os poder voltar a descer...para quê essa preocupação agora...? sobes com uma calma exaltada que te balança os braços e te descai os ombros ...sobes degrau a degrau , na loucura de esperar por qualquer diferença nesse teu repetido e louco subir...e sabes não querendo saber...que sempre será igual, que nada mudando ...nesse teu andar habitual..nada existe ao cimo dessa tua imensa escadaria... e sobes devagar já com medo de um dia, a teres de descer...
Se um dia conseguisses ...subir essa escada a correr..chegarias cansado e ofegante ...mas com a certeza do teu viver, porque te bateria o coração num compasso desconcertante e ofegado, sorririas confortado por uma sensação des semelhante.... mudarias o teu andar arrepiante e vazio... e então poderias esperar sorrisos ao chegar, é só uma questão de mudar ....
Teresa Maria Queiroz/Abril 2009
(foto retirada da net...)
por vergonha ..medo e tristeza, partes o coração em dois sem possibilidade de conserto...espalhas o vermelho líquido pelo cinzento que contrasta
vergonha de teres sido tu... vergonha de não conseguires deixar de te magoar.. magoando por defesa e dor, vergonha de tudo e de ti... vergonha, transformada num imenso medo de seres, desistes de qualquer coisa...por vergonha, desespero e medo não vives nem amas, e deixas que se te parta o coração recortado em dois...passando a um estado líquido que se entorna e escorrega sem nunca o conseguires reconstruir... deixas que se torne em papa....
depois duma radiografia recente , diagnosticaram uma doença grave no teu estado de amor , uma incapacidade de te perdoares a ti ... uma tristeza que te corrói as entranhas e que não sabes travar ..diagnóstico grave , com o risco de que o ódio, no qual deixaste tranformar esse doce coração, se espalhe e contamine tudo dentro de ti..assim tão rapidamente , assustado, vives dias de medo...vives o tempo entornado, não há cura para quando se deixa que o amor adoeça assim...não há cura ....simplesmente não há.
não há droga para curar ... nem tratamento paliativo.... não há volta a dar...
disse quem sabe ...que a cura está em não ter medo de amar outra vez....diz quem sabe que a cura está em perdoar os teus erros....diz quem sabe que quem ama nunca faz nada perfeito...diz quem sabe que só quem te ama te poderá aliviar...
não há cura...??
Teresa maria Queiroz/Abril 2009
(foto da net)
E porquê preocupar-me agora em encontrar qualquer caminho direito, quando tudo pode ser uma alegre caminhada numa raposódia de traços, bolas e figuras imaginadas... para quê encontar um caminho definido se posso andar entre figuras só com a necessária atenção de nunca tropeçar, para quê tentar caminhar estática e envolta numa harmonia tão fastidiosa, se posso andar em labirintos de duma vida ,tão divertidos e fascinantes pelo inesperado do caminho que agora vislumbro e tanto me apeteçe seguir sem medo de seguir... se posso sentar-me confortávelmente numa enorme bola e jogar à "macaca" em quadradinhos bem desenhados...equilibrando-me para não cair, para não pisar os traços e perder, e segurando-me numa barra qualquer ...que nem imaginava que ali estava...não caio...
para quê definir caminhos... quando o caminho pode ter o encanto do indefenido e do imprevisível... do indefenível... do inimaginável...
para quê procurar uma monótona harmonia, quando harmoniosamente posso ir andando por um caminho desconhecido e encantado, que se harmoniza só no meu desejo...
não te procuro mais nesse teu falso e harmonioso caminho...
Teresa Maria Queiroz/Abril 2009
quadro: acrílico S/tela de Horácio Queiroz
Como se fosse possível contar os cristais dum caleidoscópio sem me enganar...tento contar e lembrar os teus minutos misturados,e não consigo isolar esses minutos de momentos passados...
impossível descobrir onde estão todos , rebolam-se dentro do cilindro e misturam-se mudando imagens,assim tão de repente...por isso não me concentro num único minuto passado, rapidamente se envolvem em cores e mudam de posição quando menos espero...assustam-me esses teus minutos, assim são os teus minutos...assim foram todos os momentos...
porque os minutos de caleidoscópio não se deixam ver , são quase irreais tomam a forma que querem no momento que escolhem ...e mesmo tentando arrumar o pensamento nesses minutos confusos e já passados , esqueço-me do que mais quero lembrar e lembro-me do que penso precisar esquecer...confundem-me esses minutos passados fazendo já parte de mim,de nós... já não os conhecemos...já não vimos a sua verdadeira forma, rebolando-se e misturando-se na minha cabeça, conseguem emanar uma luz hipnotizante que não percebo mas admiro, contemplo viciadamente , não isolo os minutos misturados ...não consigo, trazem-me sempre aquelas imagem passadas e tão belas ... que sempre se confundem e me fazem sorrir, bincam comigo...enrecosdando os minutos neste caleidoscópio, constróiem estrelas tão breves ...vejo-te roxo, porque não há cor mais bela que roxo...lilás...ou violeta..., vejo-te assim,belo como uma estrela que se movimenta... com aquela cor que nunca ninguém sabe fazer...só Deus...dizem ...
se houver um Deus...
minutos roxos que me invadem o pensamento formando estrelas isoladas, a todo e qualquer momento, rodo a roda deste caleidoscópio...e espreito pelo buraco onde, ao fundo, encontro a imagem que me quer mostrar ...nunca sei quais os minutos que me vai deixar lembrar , e sabendo que é bonito e roxo o que vejo...hipnotizada
recordo-te roxo...Teresa Maria Queiroz/Abril 2009
(imagem da net...)
Segunda-feira, 13 de Abril de 2009
começei a recortar-te em pedacinhos pequeninos, minúsculos bocados de ti, recortei assim a imagem do teu cândido rosto, gravada em papel ...só para esquecer como parecias...
esfrangalhei em pedacinhos a imagem que nunca esquecerei.
Assim, decidi recortar e espalhar-te por todo lado, na esperança de nunca mais te conseguir organizar dentro de mim, essa tua imagem inesquecível, essa imagem que esfrangalhada em pedacinhos se grava ainda com mais força na minha cabeça ,revigorada, como um carimbo de tinta , que nem lavando se perde, mesmo esfregando, usando lixívia ou detergente, não se apaga nem se dilui, fica tudo lá marcado, lá no fundo... mesmo lá no fudo...
Uma imagem que se crava como uma nódoa de pêssego...assim esfrangalhada por mim...recortada aos bocadinhos tão pequenos que nem se conseguem agarrar, e que tal como tu, me fogem das mãos como vento ...talvez eu nunca mais consiga fazer o puzzle ..talvez comecem a faltar as peças essenciais, aquelas peças que se perdem assim, facilmente no meio da confusão de papel espalhado pelo chão... peças que voam ...e se perdem...
Puzzle difícil de fazer, difícil de juntar e acertar, de mil peças.... todas pequeninas, espalhadas por todo o lado..... confusão...
Por momentos, enquanto te recortava... esqueci como eras , só por momentos ...
Porque, assim de repente, sem eu querer voltei a ver-te definido, tão claro... com uma excelente exposição de luz... imagem de alta definição, mais nitida do que a que tinha visto em papel esbatido
Voltei a ver o teu sorriso !
...que vai ficar gravado, eternamente, mesmo depois de te esfrangalhar, um sorriso que não esqueço... e que com o tempo, só conseguirei sistemáticamente reinventar
recorto a tua imagem esbatida em papel, só pelo prático prazer de te recortar....esfrangalho só por te esfrangalhar
Enquanto te corto em pedaços , monto o puzzle complicado no meu pensar, sem a ajuda de nada, já sem a tua imagem, sem mais ninguém que te consiga imaginar
Recorto-te em pedaços com prazer, espalho-te, e esfrangalhado-te por mim... recordo-te como quero, mesmo quando não quero....
recordo o teu rosto perdido
Teresa Maria Queiroz/ Abril 2009
foto de..... José Dias Correia
Harmonioso e bem estruturado, gostaria de ser o sentimento. Tal e qual como martelos de piano que tocam certos e precisos, batem devagar, nas cordas que lhes pertencem...e sempre sem improvisar.E se o meu martelo de piano não acerta na corda como deve ser ...desafina e toca uma melodia diferente de tudo aquilo que se espera, ou não desafina mas confunde a música.
Troca as notas e compõem uma canção irrepetível, subtil e fascinante ...uma música que soa a amor, uma musica que sai de martelos de piano,de cor pardacenta e tão perfeitos ...demasiado perfeitos.
Que choram sem saber o que é chorar, e misturam gargalhadas com prantos, sem dividir nem dissipar...Desestruturado, o sentimento enche-se daquela estranha harmonia, não se repete na melodia, não por não querer ... é só mesmo por lhe faltar outra perícia.
O sentimento nunca se repete...improvisa...é sempre inesperado, o som que vai criar...improvisar. Ninguém ensinou o sentimento a viver , ele nasce para tocar de ouvido e sempre duma forma descoincidente, toca só a melodia que sente no seu presente, e por isso nunca a repete...
ruma sem saber, a um hipotético futuro, esquecendo a música que tocou ainda agora ,agora mesmo! Num momento tão presente, sabe que tocou a melodia que queria ... só aquela que sentia...
Pediram biz... aplaudiram de pé! Queriam mais...outra vez...Atrapalhado,sem se saber repetir, o sentimento fugio sem tempo de agradecer os aplausos... que pensou nunca merecer, correu por aí por qualquer lado ...procurando um tambor ...uma guitarra que tocasse o seu chorar melodioso... correndo por aí por um sítio qualquer, iria encontrar a orquestra que num nunca mais acabar de tocar, o conseguia eternizar.
O sentimento não conhece o presente ... esquece logo o que tocou, já nunca mais se vai lembrar como aquela música lhe soou...Teresa Maria Queiroz/Abril 2009foto de ...José Dias Correia
Se vejo uma flor imensa num fogo cuspido para o ar e que queima tudo à sua volta, se sinto a minha força nessa enorme flor, se estou siderada na sua luz amarela, e se cega por esta refulgente luz, não vejo mais nada.... se sei que este fogo queima mais do que qualquer outro, se já o provei e entrei, e se quero entrar novamente de frente nesta fogueira que grita por mim. Se quero entrar e cair, para voltar cheirar o odor dessa enorme flor ,antes que desapareça e se tranforme só em fumo, se desejo sentir o toque do desfolhar de cada pétala, que se forma nas ondas de fogo matizado de amarelo vivo...
se estou louca .... são coisas minhas....
se não me atemoriza sofrer queimaduras de flor, que não vão sarar nunca mais, que deixarão marcas para sempre gravadas na minha cara , no meu corpo ...na minha vida, visíveis até a quem nunca nada vê. Se a belíssima flor de fogo me vai marcar para sempre, e depois morrer comigo, perpetuada outra vez em mim, e se eu desejo entrar nessa fogueira que conheço e que certamente me queima... entro ...porque,
Se estou louca... são coisas minhas....
Se não tenho medo dessa dor, ou do ardor do fogo que me vai tornar nas cinzas que um dia vão poder voar sem aprender.
Não peço a ninguém que salte esta fogueira comigo, não pedirei a ninguém que mergulhe de cabeça nesta ardente flor, não chamo ninguém, porque ninguém me vai ouvir, porque não quero que alguém me oiçam crepitar...
se estou louca ...são coisas minhas ...
Se sou livre de entra e cair, a culpa é minha...se estou louca por me esbrasear outra vez .... é só uma coisa minha...
E, morro sem nunca te explicar o que passa pela minha cabeça , e queimo-me em chamas de pétalas de flor, sem nunca saberes o que dentro de mim floresce todos os dias... e morro a pensar que não sei o que pensas ...sem saber se também tu, não tens medo desta bela e enorme flor de fogo, cuspida assim na sua beleza que só eu vi.... e sozinha desfolho esta flor em que entro ...
se estou louca... é coisa minha ...só minha...
E se só vejo a vida desfolhando-a , rasgando e abrindo pétala a pétala esta flor ardente....vivo...morrendo
se estou louca ...
é uma
coisa minha, tão só minha...
Teresa Maria Queiroz/ Abril 2009
Cientificamente provado! Cientificamente estudado que o amor não pode existir!!
Concluíram assim os estudiosos, que debruçados num caso sem solução, inventam substâncias injectáveis para controlar qualquer idílico estado de paixão que perigosamente se pode transformar em amor...
Cientificamente provado que não existe, por não poder ser explicado, decretaram assim... que não sentiríamos mais, tudo aquilo que nos faz mover , que nos faz comer ou beber, e que de amor e paixão já ninguém, nunca mais, pode sofrer, e muito menos morrer!! Está proibido...
Decretaram assim cientistas, que com injectáveis substância nos vão por a levitar, por paragens estranhas e irreais , mas seguras, segundo eles...
Só por não saberem como dominar um estado que não se identifica...não isolaram o virus, não contaram as células, não descobriram o mal... não perceberam nada...
E assim, sem se preocuparem, decretaram que quem não souber voltar à vida sem amor, terá que tomar uma droga qualquer que possa substituir o vício da paixão.
Descobriram que não se cura, e que se pode mascarar, substituindo tudo por drogas de torpor, sem dor e sem sentido ...
E quem não souber viver assim, nessa frieza de sentires, tomara um injectável bem estudado, que como efeito secundário...apenas se lhe conhece a morte lenta....
Teresa Maria Queiroz/Março2009
foto de José Dias Correia
Rabiscos furiosos de esperança e de fúria não contida, rabisco por ali e por aqui,também por acolá... soltando gritos gravados numa parede de ninguém.
Solto a voz que se emperra na minha garganta seca, de tanto não falar...
não falo porque aqui, ninguém me ouve, não falo porque onde aí estás, nunca mais me ouvirás...
Calada, faço estes rabiscos de fúria e desespero, que com esperança de nada se traçam neste confuso rabiscar.
Gritos desenhados, gritos projectados por mim, gritos que ninguém ouve, gritos que me riscam de desespero. Já não falo em dor nem prisão, porque de tanto a viver, passou a ser, só o meu inglorioso existir.
Buscando qualquer forma de fugir, já me custa recordar como era naquele tempo, em que nesta mesma prisão, sempre levantada por mim, eu não rabiscava riscos de compaixão, desta bizarra compaixão por mim...
Tão fortemente levantadas as paredes que me isolam de tudo, paredes que me afastam de mim, não sei quem sou por aqui, e escrevendo traços e palavras sem nexo, rabisco a minha paixão pela vida roubada,... por trás de paredes grossas manchadas e riscadas de nada e de fúria...
Aqui não existes, aqui já nada vive, aqui vegeto por corredores infectos nem sei de quê, nesta prisão à qual me encerrei, só estes rabiscos e gritos mudos de fúria, gritos desenhados duma tão pouca esperança...fazem com que acredito que vivo
Presa dentro de mim...fico numa prisão, que de segura tem tudo o que nunca quis, aprisiono-me assim... aqui tão dentro de mim.
Esta prisão não acaba, os reclusos não se afastam ... não há recreios , não há sirenes...nesta minha prisão edificada por mim, não há ninguém, está deserta , só eu risco gritos de fúria em todas as paredes do meu eu...
Aqui ficarei condenada por mim, juíza de mim, perpétuamente aqui ficarei...rabiscando...
Teresa Maria Queiroz/Março 2009
foto ...do meu amigo...José Dias Correia
Segunda-feira, 30 de Março de 2009
Noiva plastificada num sentimento que julgará eterno,
acreditando no futuro
que de estranho já não lhe estranha.
Esta noiva plastificada sofre
e veste o plástico que lhe dão...
A plastificada noiva que é,sabe
a plastificada vida que adivinha ser,
por isso se mumifica envolta
no plástico do sentimento
que já conhece assim
fica queda,
sem saber,
sem se mexer
sem pensar...
Tudo deixa adivinhar a plastificada noiva,que se enrola no plástico do seu querer .
Mumificada segura um vestido que sabe não
lhe servir...
Esta plastificada noiva que não sorri ao sentir,e
com o aquele incómodo plástico do viver, se deixa passivamente envolver.
Passivamente adivinhando todo o seu futuro o seu ser, plastificada se mumifica num sentimento de já nada querer.
Esta plastificada noiva que de plástico viverá ...
mesmo quando menos esperar,mesmo sem se aperceber
presa a um plástico vivo, se deixará acomodar com medo de rasgar o plástico mumificante.
Teresa Maria Queiroz/Março 2009
foto.....António Carlos Carvalho