Segunda-feira, 13 de Abril de 2009
Rabiscos furiosos de esperança e de fúria não contida, rabisco por ali e por aqui,também por acolá... soltando gritos gravados numa parede de ninguém.
Solto a voz que se emperra na minha garganta seca, de tanto não falar...
não falo porque aqui, ninguém me ouve, não falo porque onde aí estás, nunca mais me ouvirás...
Calada, faço estes rabiscos de fúria e desespero, que com esperança de nada se traçam neste confuso rabiscar.
Gritos desenhados, gritos projectados por mim, gritos que ninguém ouve, gritos que me riscam de desespero. Já não falo em dor nem prisão, porque de tanto a viver, passou a ser, só o meu inglorioso existir.
Buscando qualquer forma de fugir, já me custa recordar como era naquele tempo, em que nesta mesma prisão, sempre levantada por mim, eu não rabiscava riscos de compaixão, desta bizarra compaixão por mim...
Tão fortemente levantadas as paredes que me isolam de tudo, paredes que me afastam de mim, não sei quem sou por aqui, e escrevendo traços e palavras sem nexo, rabisco a minha paixão pela vida roubada,... por trás de paredes grossas manchadas e riscadas de nada e de fúria...
Aqui não existes, aqui já nada vive, aqui vegeto por corredores infectos nem sei de quê, nesta prisão à qual me encerrei, só estes rabiscos e gritos mudos de fúria, gritos desenhados duma tão pouca esperança...fazem com que acredito que vivo
Presa dentro de mim...fico numa prisão, que de segura tem tudo o que nunca quis, aprisiono-me assim... aqui tão dentro de mim.
Esta prisão não acaba, os reclusos não se afastam ... não há recreios , não há sirenes...nesta minha prisão edificada por mim, não há ninguém, está deserta , só eu risco gritos de fúria em todas as paredes do meu eu...
Aqui ficarei condenada por mim, juíza de mim, perpétuamente aqui ficarei...rabiscando...
Teresa Maria Queiroz/Março 2009
foto ...do meu amigo...José Dias Correia