Segunda-feira, 13 de Abril de 2009
Harmonioso e bem estruturado, gostaria de ser o sentimento. Tal e qual como martelos de piano que tocam certos e precisos, batem devagar, nas cordas que lhes pertencem...e sempre sem improvisar.E se o meu martelo de piano não acerta na corda como deve ser ...desafina e toca uma melodia diferente de tudo aquilo que se espera, ou não desafina mas confunde a música.
Troca as notas e compõem uma canção irrepetível, subtil e fascinante ...uma música que soa a amor, uma musica que sai de martelos de piano,de cor pardacenta e tão perfeitos ...demasiado perfeitos.
Que choram sem saber o que é chorar, e misturam gargalhadas com prantos, sem dividir nem dissipar...Desestruturado, o sentimento enche-se daquela estranha harmonia, não se repete na melodia, não por não querer ... é só mesmo por lhe faltar outra perícia.
O sentimento nunca se repete...improvisa...é sempre inesperado, o som que vai criar...improvisar. Ninguém ensinou o sentimento a viver , ele nasce para tocar de ouvido e sempre duma forma descoincidente, toca só a melodia que sente no seu presente, e por isso nunca a repete...
ruma sem saber, a um hipotético futuro, esquecendo a música que tocou ainda agora ,agora mesmo! Num momento tão presente, sabe que tocou a melodia que queria ... só aquela que sentia...
Pediram biz... aplaudiram de pé! Queriam mais...outra vez...Atrapalhado,sem se saber repetir, o sentimento fugio sem tempo de agradecer os aplausos... que pensou nunca merecer, correu por aí por qualquer lado ...procurando um tambor ...uma guitarra que tocasse o seu chorar melodioso... correndo por aí por um sítio qualquer, iria encontrar a orquestra que num nunca mais acabar de tocar, o conseguia eternizar.
O sentimento não conhece o presente ... esquece logo o que tocou, já nunca mais se vai lembrar como aquela música lhe soou...Teresa Maria Queiroz/Abril 2009foto de ...José Dias Correia